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Curiosidades

ADAMO

Inserida em: 27/07/2019 Voltar

ADAMO

 

HISTORIA DO ADAMO

Os esportivos fora-de-série da marca brasileira Adamo tiveram vida  longa mas, infelizmente, são hoje pouco conhecidos.

 

NUMEROS ESTIMADOS DE PRODUÇÃO

DOS ESPORTIVOS ADAMO(*)

 

- Protótipo de 1968....................................................................... 1

- Adamo GT (1971 – 1975).............................................cerca de 170

- Adamo GT – 2 (1974 – 1978).......................................cerca de 400

- Adamo GTL (1979 – 1981)...........................................cerca de 600

- Adamo GTM  (1981 – 1990).........................................cerca de 400

- Adamo GTM C2 (1982 – 1990).....................................cerca de 100

- Adamo CRX (1985 – 1990)...........................................cerca de 20

- Adamo C 2000..............................................................................1

* = Números apenas estimados, portanto somente SUGERIDOS pelo autor e obtidos em pesquisas particulares.

os modelos GTM e o C2, sobre plataforma de Brasília e, portanto com preço mais acessível, permaneceram em linha.

 

A empresa Adamo Indústria e Comércio de Veiculos foi criada por Milton Adamo  junto à fábrica de móveis de poliéster que a família possuía no bairro da Vila Santa Catarina, zona sul da cidade de São Paulo.

 

Foi dele a idéia de diversificar a produção em direção aos  carros esportivos, pois  os Pumas  faziam muito sucesso e tinham pouquíssimos concorrentes.

 

O primeiro veiculo da Adamo foi apresentado em novembro de 1968 no VI Salão do Automóvel usando o  estande da Petrobrás, ainda sob a forma de protótipo. Tratava-se de um pequeno esportivo de linhas curvas e dois lugares, com mecânica Volkswagen 1300.

Embora o projeto inicial   fosse lançá-lo já no início do ano seguinte,  Adamo optou por aperfeiçoá-lo, reapresentando-o no VII Salão, dois anos depois  (novamente no estande da Petrobrás), como modelo GT, com traços mais aerodinâmicos e agora projetado para transportar quatro pessoas. O carro ganhava suas linhas praticamente definitivas, que permaneceriam pouco alteradas por alguns anos.

 

Legenda de Foto Importante:

O protótipo  de Milton Adamo conforme foi apresentado no Salão do Automóvel de 1968. Note que  apresentava caracteristicas típicas dos esportivo italianos do inicio da década de 1960.

 

Entretanto, o  GT efetivamente colocado em produção diferia muito daquele mostrado no Salão de 1968: passava a ser um carro aberto estilo targa, sem portas, quase que um buggy. Permanecia, entretanto, sua principal característica, um “achado” de Milton e exatamente o que o  diferenciaria dos buggies verdadeiros: seu entre-eixos maior. Mantendo o

comprimento original das plataformas Volkswagen que usava em seus carros, sem

encurtá-las, Adamo não só simplificava a fabricação e fornecia um veículo menos

sujeito a defeitos de alinhamento e montagem, como também oferecia aos

passageiros o espaço interno de um verdadeiro automóvel. Com isso, praticamente

criava uma nova categoria na produção nacional – um carro meio-esporte

conversível (“roadster”), meio-buggy. Com linhas fluidas e elegantes, o GT podia receber uma

capota de vinil, que recobria o teto targa; a traseira truncada era pintada de preto

e tinha quatro lanternas de sinalização redondas. Uma ousadia eram seus faróis

salientes, montados sobre a frente, solução simples e barata que só era

utilizada nos buggies mais tradicionais, em bajas e carros esteticamente menos

ambiciosos. Deve ser especialmente notado que – já em 1971 – Milton Adamo havia despertado para os benefícios aerodinâmicos da frente em cunha num veículo esportivo, algo até então usado apenas no “design” de carros-conceito europeus. Esse primeiro Adamo era vendido montado ou na  forma de “kit” e dele foram produzidas cerca de 170 unidades até 1975.

 

“Sempre sofremos com a mecânica fraca, porque tínhamos de usar o que havia no mercado”, conta Milton Adamo ao Portal Antigo Motors sobre como os carros de sua empresa eram construídos. A Adamo Veículos lê-se “Adâmo” começou em 1971, participou do Salão do Automóvel do mesmo ano, com o modelo GT, e os carros passaram a ser entregues em janeiro de 1972

O exemplar das fotos é um GTM conversível de 1984, baseado na clássica Ferrari Mondial. “Meu pai tinha loja de novos e seminovos nas décadas de 1970 e 80, cresci admirando os carros desta época”, conta o proprietário da unidade. O veículo está justamente como o comprou há alguns anos, mas sabe que foi modificado em algumas partes, como o motor.

Originalmente todos os veículos Adamo são com mecânica Volkswagen, o GTM tem propulsor traseiro refrigerado a ar da Brasília, bem como seu chassi. “Funcionávamos mais ou menos como os encarroçadores italianos. O carro vinha praticamente montado, mexíamos pouco”, conta Milton. Mas a grande sacada estava na carroceria de fibra de vidro. “Poucos sabem, mas os melhores automóveis construídos em fibra eram os brasileiros. Muito melhores! Nossa qualidade, mão de obra e acabamento eram inigualáveis”, recorda-se.

O modelo GTM teve a versão cupê e conversível, esta fabricada de 1981 até 1991. O sucesso ultrapassou as fronteiras e chegou a ser exportado para a África do Sul, ambas as versões. O interior era preto. Painel com design próprio tinha os relógios adaptados de outros modelos, assim como o estofamento. O exemplar das fotos localizado pelo 
Portal Antigo Motors foi alterado com características modernas pelo proprietário anterior, o que de certa forma dialoga com o princípio esportivo do carro.


A frente bicuda era uma tendência para modelos ariscos, bem como as tomadas de ar laterais. As lanternas eram da Brasília, aqui são do Santana, enquanto os faróis são escamoteáveis e adaptados do Fiat Europa. Um item interessante e divertido que outros fora-de-série também davam ao consumidor brasileiro a sensação de modernidade. 

“Logo que peguei fiquei empolgado. É um carro raro, porque quase não existem outros”, comenta o proprietário. Hoje o dirige pouco, diz que gostaria de restaurar, mas não tem como fazê-lo e está aberto a receber propostas. Sempre que pode o leva para eventos e exposições, preocupa-se em manter informação para as futuras gerações.

Os carros feitos pelos pequenos fabricantes brasileiros deram luz a um cenário triste, que mecanicamente ficou parado no tempo. Em contrapartida, nunca se viu tanta criatividade sobre rodas no país. “Era uma escola que podia continuar. Foi tudo muito violento e muito rápido”, desabafa Milton. De uma hora para outra, o governo Collor reabriu as portas para as importações de automóveis. “O Brasil realmente precisava se atualizar, mas tinha uma área produtiva nacional que foi dizimada. Nenhuma das fábricas com esse perfil resistiu. Foram descartados pessoas, projetos e dinheiro investido”, contextualiza pesquisadora do 
Portal Antigo Motors.

Para Milton a criatividade foi correspondente à falta de oportunidade. “Estávamos empenhados em fazer bonito, tinha mercado. Mas sem incentivo não dá para competir”. Foram ao todo cerca de 1700 automóveis fabricados pela Adamo Veículos entre os modelos GT, GTM, CR-X e AC 2000 este comercializado apenas nos Estados Unidos e África do Sul, até o encerramento das atividades. 

Agradecimentos a Milton Adamo, Luiz Cláudio Meloni e Rogério Ferraresi. 


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